Trabalho nas escolas municipais celebra a diversidade cultural dos povos originários, difundindo histórias e conhecimentos

“São mais de 305 povos indígenas, de 274 línguas diferentes. É uma diversidade que esse país tem que se orgulhar”. É assim que Ceiça Pitaguary, secretária de Gestão Ambiental e Territorial Indígena do Ministério dos Povos Indígenas, define a importância das comunidades tradicionais e a necessidade de urgência da retomada dos direitos e proteção desses povos.
Pela primeira vez, o Brasil celebrou o dia 19 de abril como o “Dia dos Povos Indígenas” graças a uma mudança oficializada em julho do ano passado com a aprovação da Lei 14.402. Até então a data, oficialmente, marcava o “Dia do Índio”, termo que não levava em conta a diversidade das etnias.
Em Rio Preto, as escolas da rede municipal de ensino desenvolvem atividades com os alunos sobre as vivências indígenas. As unidades Maria Emmelina Roqueti Verdi, do Jardim Campo Belo, Professora Regina Mallouk, na Estância Bosque Verde, Deputado Arlindo dos Santos, na Vila Curti, Osni Assis Pereira, no bairro Egydio Zani e Cinderela, na Vila Esplanada, apresentam detalhes da diversidade cultural dos povos originários, difundindo histórias e conhecimentos seculares.
Existem várias possibilidades para desenvolver a temática junto aos alunos, seja por meio de leituras, rodas de conversa, música, culinária e até mesmo debates, mas o consenso entre elas é o mesmo, preservar a cultura dos povos indígenas dentro e fora da sala de aula.
“É um projeto que teve início em fevereiro com muita pesquisa porque os livros didáticos trazem uma visão europeia. A ideia foi trazer relatos dos próprios indígenas para que os alunos saibam da história a partir do ponto de vista deles”, diz Roselaine Batista, professora da escola municipal Maria Emmelina.
Segundo Roselaine, “o aprendizado se dá dentro de uma proposta multidisciplinar, envolvendo outras disciplinas como história, geografia, língua portuguesa, arte, educação e valores. Teve até narrativas indígenas como o Daniel Munduruku”, explica. A professora finaliza: “Apostei também na aula prática de culinária com a intenção de formar memórias afetivas”.
A aluna Vitória Maciel, 10 anos, achou interessante. “Eu não sabia que a gente podia aprender mexendo com comida, mexendo com milho até mesmo porque o milho nem imaginava que os indígenas mexiam com essas coisas. Acho que foi bem legal, pegar na mão e ver a textura”.
Milena de Melo, 10 anos, diz que foi importante “saber que a canjica e o fubá também vêm dos povos indígenas; eu descobri que o fubá era da culinária indígena e o cacau também!”.
As crianças ainda confeccionaram uma peteca para jogar. Descobriram que ela era utilizada pelos índios como atividade esportiva para ganho de aquecimento corporal durante o inverno e como instrumento de recreação. Os povos de língua Tupi adotaram o termo Pe´teka que significa “bater com a palma da mão”.
Texto e Foto: Cristiano Furquim / Secretaria de Educação